Para muitos empresários, 2033 o ano da implementação total da Reforma Tributária parece uma realidade distante. Esse é um erro perigoso. Embora o cronograma oficial se estenda por quase uma década, o ano de 2025 marca um ponto de viragem crucial e irreversível.
A Reforma Tributária, promulgada pela Emenda Constitucional 132/2023, não é apenas uma mudança de siglas ou alíquotas; trata-se da transformação mais profunda e estrutural no sistema de impostos do Brasil nas últimas décadas. Estamos falando de uma reconfiguração completa das regras do jogo, que afetará desde o fluxo de caixa diário até as estratégias de expansão mais ambiciosas.
Para as empresas, ignorar essa mudança ou esperar 2026 para reagir não é uma opção. O cronograma da reforma exige uma preparação imediata. Este artigo não é apenas uma lista de datas; é um guia estratégico elaborado pela PRO Resultado para ajudar você a entender quais diagnósticos e ações de planejamento devem ser executados em cada fase dessa transição.
Entendendo o IVA Dual: o que muda antes do Cronograma
Antes de navegar pelas datas, é fundamental compreender a mudança técnica que ditará o ritmo dos próximos anos. A reforma propõe o fim do histórico “Manicômio Tributário” brasileiro através da extinção de cinco tributos complexos para dar lugar ao sistema de IVA Dual.
Dizem adeus o PIS, COFINS e IPI (federais), além do ICMS (estadual) e ISS (municipal). Em seus lugares, entram dois novos tributos principais que unificam a base de consumo:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): Gerida pela União, unifica os antigos tributos federais (PIS, COFINS e IPI).
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): De competência partilhada entre estados e municípios, substitui o ICMS e o ISS.
A lógica por trás dessa mudança é a não cumulatividade plena: tributar apenas o valor agregado em cada etapa, permitindo um sistema de crédito e débito muito mais amplo e menos restritivo do que o atual.
No entanto, essa simplificação traz um desafio imediato de planejamento: a mudança da tributação na origem (onde a empresa produz) para o destino (onde o consumidor está). Isso altera completamente a lógica de incentivos fiscais e localização de empresas, exigindo uma revisão estratégica do seu modelo de negócio antes mesmo da entrada em vigor das novas alíquotas.
A linha do tempo comentada: o foco é o planejamento

Muitas consultorias apresentam o cronograma da Reforma apenas como uma lista de datas de vigência. Na PRO Resultado, preferimos encará-lo como um cronograma de tarefas. Cada ano exige um nível diferente de adaptação e planejamento financeiro.
Abaixo, detalhamos o que acontece na legislação e, principalmente, o que a sua empresa deve fazer em cada etapa.
2025: O ano do diagnóstico e simulação (o “pré-jogo”)
Embora as novas alíquotas não entrem em vigor agora, 2025 é o ano decisivo para a estratégia. É o momento de entender onde você está pisando antes que as regras mudem.
O que acontece: Publicação das Leis Complementares que regulamentam o IBS e a CBS. Definição das regras do jogo.
Ação Estratégica:
- Diagnóstico de Carga: Mapeie detalhadamente sua carga tributária atual (custo efetivo).
- Simulação de Cenários: Simule como ficará sua margem no novo modelo. Para alguns setores, a carga pode diminuir; para outros (especialmente serviços), ela tende a aumentar.
- Revisão de Contratos: Comece a analisar contratos de longo prazo com clientes e fornecedores, inserindo cláusulas que permitam flexibilidade de preços a partir de 2026/2027.
2026: O teste de adaptação operacional
Este é o ano de “calibrar as máquinas”. O governo testará o sistema com alíquotas simbólicas para garantir que a arrecadação e a partilha funcionem.
O que acontece: Início da cobrança da CBS (0,9%) e do IBS (0,1%), totalizando 1% de alíquota teste. Esse valor poderá ser compensado com PIS/COFINS.
Ação Estratégica:
- Validação de Processos: Teste se o seu sistema financeiro e fiscal consegue segregar os impostos na nota fiscal e apurar os créditos corretamente.
- Adaptação Cultural: Treine suas equipes (compras, vendas, fiscal) para operar sob a nova lógica de crédito financeiro e não cumulatividade plena.
2027: A virada federal e o impacto no caixa

Aqui ocorre a primeira grande ruptura. O sistema antigo federal deixa de existir.
O que acontece:
- Extinção do PIS e COFINS: Deixam de ser cobrados.
- Entrada plena da CBS: A Contribuição sobre Bens e Serviços entra em vigor com alíquota cheia (definida pelo Senado).
- IPI reduzido a zero: A alíquota do IPI será zerada para a maioria dos produtos (exceto os que competem com a Zona Franca de Manaus).
Ação Estratégica:
- Gestão de Fluxo de Caixa: Com a nova regra de creditamento (o crédito só é válido após o recolhimento pelo fornecedor), sua empresa pode sofrer pressão no capital de giro . Será preciso revisar prazos de pagamento e recebimento.
- Precificação: Ajuste seus preços para refletir a eliminação do PIS/COFINS e a entrada da CBS, mantendo a transparência para o cliente.
2029 a 2032: A transição gradual (estados e municípios)
Inicia-se a fase mais longa e complexa: a transição dos impostos estaduais e municipais.
O que acontece: Redução escalonada do ICMS e ISS (1/10 ao ano) e aumento proporcional do IBS. Os benefícios fiscais de ICMS começam a ser extintos.
Ação Estratégica:
- Revisão Logística: Com o fim da “guerra fiscal” e a tributação no destino, manter centros de distribuição em estados distantes apenas por incentivos fiscais pode deixar de ser vantajoso .
- Monitoramento de Custos: Durante esse período, as empresas conviverão com dois sistemas simultâneos (o velho ICMS/ISS morrendo e o novo IBS nascendo). O custo de conformidade (compliance) será temporariamente mais alto, exigindo eficiência máxima da contabilidade.
2033: O novo cenário definitivo
O sistema antigo é totalmente extinto e o novo modelo (IBS + CBS) opera plenamente.
Tabela resumo: Cronograma de ações de planejamento
Para facilitar a visualização, consolidamos as etapas legais e as ações gerenciais recomendadas em uma tabela prática. Use este material como um checklist anual para a sua diretoria.
| Período | O que muda na Lei (Resumo) | Ação Recomendada pela PRO Resultado |
| 2025 | Publicação das Leis Complementares e regulamentação do IVA Dual. | Diagnóstico e Simulação: Calcular o impacto na margem, revisar contratos e planejar o fluxo de caixa. |
| 2026 | Cobrança teste de 0,9% (CBS) e 0,1% (IBS). Compensável com PIS/COFINS. | Teste Operacional: Validar se o sistema fiscal emite as notas corretamente e treinar a equipe. |
| 2027 | Extinção de PIS/COFINS. Entrada plena da CBS. IPI zerado (exceto ZFM). | Ajuste de Precificação: Alterar tabelas de preço para o modelo “imposto por fora” e gerir o novo fluxo de créditos. |
| 2029-2032 | Transição gradual: redução do ICMS/ISS e aumento do IBS (1/10 ao ano). | Gestão de Custos: Monitorar a “dupla conformidade” (velho e novo sistema) e reavaliar logística (fim dos incentivos regionais). |
| 2033 | Extinção total do sistema antigo. Vigência plena do novo modelo. | Consolidação: Operação 100% no novo regime de IVA Dual. |
3 Diagnósticos indispensáveis para fazer agora (em vez de esperar)
Muitos empresários perguntam: “Se a mudança grande é só em 2027, por que gastar energia agora?”. A resposta é simples: o planejamento tributário não se faz do dia para a noite.
Para garantir que seu negócio não perca rentabilidade, a PRO Resultado recomenda a execução imediata de três diagnósticos estratégicos:
1. Diagnóstico de aarga tributária efetiva: quem ganha e quem perde?
O novo sistema busca neutralidade, mas na prática haverá setores beneficiados e prejudicados.
- Indústria: Tende a se beneficiar com o crédito amplo e irrestrito sobre insumos, reduzindo a carga efetiva.
- Serviços: Empresas deste setor, que hoje possuem poucos créditos e pagam alíquotas menores de PIS/COFINS/ISS, podem ver sua carga aumentar significativamente com a alíquota padrão do IVA (estimada entre 25% e 27%).
- Ação: É vital simular agora a sua nova carga para definir se será necessário ajustar preços ou cortar custos operacionais para manter a margem de lucro.
2. Revisão de incentivos e localização (o fim da guerra fiscal)
Se a sua empresa escolheu a localização da fábrica ou do centro de distribuição baseada em benefícios fiscais de ICMS, o sinal de alerta deve estar ligado.
- Com a tributação no destino (onde está o consumidor) e o fim dos incentivos regionais, a “guerra fiscal” entre estados acabará.
- Isso pode tornar a sua operação logisticamente ineficiente.
- Ação: Recalcular a viabilidade de operações distantes e, se necessário, planejar a relocalização para perto dos grandes centros de consumo ou renegociar contratos logísticos.
3. Análise de precificação e percepção do cliente
A mudança para o imposto “por fora” (onde o tributo é destacado e somado ao valor do produto, e não embutido) altera a percepção de preço do consumidor.
- Um produto que custa hoje R$ 100,00 (com imposto embutido) passará a ser vendido, por exemplo, como “R$ 80,00 + R$ 20,00 de impostos”.
- Além disso, a elasticidade-preço mudará. Se a sua carga tributária aumentar, você conseguirá repassar esse custo para o cliente ou perderá vendas?.
- Ação: Estudos de mercado para entender a sensibilidade do seu cliente e estratégias de marketing para comunicar a transparência fiscal como um valor, e não um custo extra.
Plano de Ação: o Planejamento Tributário na prática
Saber as datas é importante, mas saber como proteger o caixa é vital. A PRO Resultado estruturou três passos práticos que sua diretoria financeira deve priorizar para navegar essa transição com segurança.
Passo 1: Blindagem do capital de giro
Talvez a mudança operacional mais perigosa seja a nova regra para a apropriação de créditos. O crédito do IBS/CBS pago na compra de um insumo só poderá ser utilizado pela sua empresa após o seu fornecedor ter efetivamente recolhido o imposto.
- O Risco: Na prática, isso cria um desfasamento temporal. Sua empresa paga o preço cheio ao fornecedor, mas pode ter que esperar para usar o crédito, pressionando o capital de giro.
- A Ação: É necessário realizar uma gestão de caixa muito mais sofisticada e avaliar se a empresa terá liquidez suficiente para suportar esse novo ciclo financeiro.
Passo 2: Mapeamento da cadeia de fornecedores
A escolha de quem você compra passará a ser uma decisão fiscal, não apenas de preço.
- O Risco: Empresas do Simples Nacional não permitirão que seus clientes (empresas maiores) se apropriem de créditos plenos de IBS/CBS, o que pode tornar a compra desses fornecedores menos vantajosa.
- A Ação: Avalie sua base de fornecedores. Calcular o ponto de equilíbrio será essencial: a vantagem do preço menor do fornecedor pequeno compensa a perda do crédito fiscal?.
Passo 3: Revisão contratual e DRE
Seus contratos atuais estão preparados para 2027? E seus indicadores de desempenho?
- O Risco: Contratos de longo prazo com preços fixos podem se tornar deficitários se não houver cláusulas de reajuste baseadas na nova carga tributária. Além disso, a DRE mudará: com o imposto “por fora”, indicadores como margem de contribuição e EBITDA precisarão ser recalculados.
- A Ação: Renegocie cláusulas de preço agora para garantir flexibilidade e revise as metas de comissão de vendas baseadas na nova estrutura de receita.
Um Desafio do Tamanho da Oportunidade
A Reforma Tributária não é uma mera atualização de alíquotas; é um terremoto que redesenhará a paisagem competitiva do Brasil. Haverá custos de transição, desafios tecnológicos e incertezas, mas também haverá vencedores: aqueles que se anteciparem.
Empresas que tratarem essa mudança apenas como um problema para o contador resolver correrão sérios riscos de perda de margem e competitividade. Por outro lado, aquelas que encararem o cronograma como um mapa estratégico poderão otimizar operações, libertar recursos e focar no crescimento.
Na PRO Resultado, acreditamos que a preparação é o que separa as empresas que apenas sobrevivem das que prosperam. Mapear os impactos e simular cenários agora não é uma opção, é uma condição de sobrevivência.
Sua empresa está pronta para 2026 ou vai esperar a conta chegar?
Não deixe para reagir quando a lei entrar em vigor. Fale hoje mesmo com um consultor da PRO Resultado e agende um Diagnóstico de Impacto Tributário. Vamos ajudar você a construir o plano de transição ideal para proteger o seu negócio e maximizar seus resultados no novo cenário fiscal.




